sábado, 5 de dezembro de 2009

AS ORIGENS DA PSICOTERAPIA




Originalmente, o termo terapia denotava uma referência de valor de caráter moral. Deriva do verbo θεραπευω e significa:

1) venerar (habitualmente em referência aos deuses e às autoridades),
2) ocupar-se com solicitude em relação aos patrões, aos amigos e aos familiares,
3) cuidar em sentido muito elástico.

O sentido etimológico da ação significa pesquisar, vigiar o dom. Por dom se deve entender o espírito vital, o fluido vital ou campo etérico. A palavra θεραπεια significa obséquio, serviço, cuidado, atenção, solicitude, em relação a Deus, aos genitores, às pessoas queridas.

Neste sentido o termo foi sempre usado por Tucídides, Platão, Fedro, Homero etc. Também o Cristianismo usou esse termo referindo-se ao “cuidado pastoral das almas”.

Apenas posteriormente Hipócrates usurpou esse termo e o adaptou para cura dos doentes em sentido global. O termo de terapia em sentido médico é uma violação ou até mesmo uma apropriação abusiva feita há poucos séculos.

O significado clássico foi conservado pela Igreja Católica no sentido de serviço espiritual ou cura das almas. Neste sentido, terapia significa já de per si um referimento deferente em relação aos valores interiores de um outro. Dizer psicoterapia é confirmar de modo específico uma atitude de pesquisa deferente e de recuperação da sanidade da alma.

Se a psicoterapia contemporânea tivesse que reencontrar os próprios fundadores – à parte Freud – deve buscá-los entre os filósofos moralistas, os padres espirituais ou profetas de toda religião séria. A arte do confessor católico ou do conselheiro espiritual protestante é a mais conexa com a psicoterapia contemporânea: a diferença fundamental entre as duas artes é que a religião indaga e verifica se o homem é conforme ao modelo transcendente de uma lei definida divina; a segunda indaga qual deve ser a estrutura autônoma e essencial (=lei de per si segundo o ser que é) e coordena a sua decisionalidade comportamental após lhe ter recuperado a funcionalidade integral.

A ciência psicoterápica define-se intrinsecamente por objeto e método próprios e distingue-se em absoluto de qualquer colateralidade com as outras ciências que, por cultura, parecem semelhantes. Objeto específico é a intencionalidade psíquica do indivíduo, através de todas as modalidades da sua fenomenologia existencial.

Trechos extraídos do texto de Antonio Meneghetti Che cos’è la psicoterapia? contido na obra Psicoterapia e Società. Roma: Psicologica Ed., 1989. p 8-13.

Para maiores informações sobre a psicoterapia segundo a ótica ontopsicológica, indica-se o texto de Antonio Meneghetti O modelo psicoterapêutico ontopsicológico publicado no Manual de Ontopsicologia. 3.ed. Recanto Maestro: Ontopsicologica Ed., 2004. pp.299-354.

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