A linguagem fisiognômica compreende todos os aspectos morfológicos do corpo que foram identificados por autores como William Sheldon e Ernest Kretschmer. Sheldon constatou estreitas relações entre a morfologia e os componentes do temperamento, o que resultou em um elenco de três tipos clássicos denominados cerebrotônicos, viscerotônicos e atléticos. Nos viscerotônicos prevalece a atividade visceral-digestiva e, em linhas gerias, são indivíduos tendencialmente abertos em direção ao ambiente, com aguçado senso prático e que, nas dificuldades, têm necessidade da presença de um outro para auxiliar.
Já nos somatotônicos prevalece a atividade somática e o ótimo desenvolvimento da vitalidade orgânica. É um temperamento mais vigoroso, disposto à ação, à afirmação de si e à conquista ao extremo do risco. Neles, a atividade introspectiva cede lugar à ação. Os cerebrotônicos, por sua vez, seriam aqueles onde prevalece a atividade cerebral sobre o vigor corpóreo. Disso decorre uma grande sensibilidade, aguçada capacidade introspectiva e desenvolvimento da atenção, mas com precário senso prático.
Além da análise estrutural, a fisiognômica compreende também todas as preferências do indivíduo quanto ao vestuário e aparência em geral. Por exemplo, do modo de vestir-se de um cliente é possível identificar se há temperamento artístico, se há rigidez psíquica, se há atitude de confronto aos padrões convencionais etc. Também a empresa tem a sua fisiognômica, uma projeção da personalidade do líder que a construiu.
A cinésica, de onde deriva também o substantivo “cinema”, é a expressão pelo movimento. A linguagem cinésica implica a comunicação mímica, gestual, os modos de o indivíduo mover o corpo quando fala, quando pensa, quando se emociona. Cada sujeito tem seu conjunto de expressão cinésica: franze a testa, esfrega as mãos, move os ombros; fecha a blusa, balança a perna, enrola o cabelo – movimentos espontâneos que acompanham e comunicam um processo interno de pensamento, emoção, memória, obsessão etc. A cinésica é o movimento autônomo como fenomenologia do sujeito operante. O sujeito pode blefar verbalmente, pode dizer que ama enquanto odeia, mas a emoção que realmente sente será expressa por um cerrar de dentes, por um punho fortemente fechado, por uma perna que balança negativamente.
Com “proxêmica”, entende-se todo o movimento do corpo que um indivíduo faz “em relação a”, ou seja, quando está em interação com uma pessoa, um ambiente. Implica a gestão do espaço, das distâncias ou proximidades que espontaneamente estabelece com as pessoas e com as coisas com as quais divide o ambiente. Quando está só, o indivíduo move o corpo de forma a como se dão seus processos internos. Quando está diante de uma ou mais pessoas, ele moverá o corpo segundo os modos de interação que tem com esse contexto. De um movimento proxêmico é possível muitas vezes compreender o modo de relação ou o profundo afeto que um indivíduo tem em relação a uma outra pessoa, independente do que possa ser sua justificativa verbal sobre o tema. Por exemplo: dois colegas entram no elevador; quem entra primeiro? Quem dá a prioridade a quem? Dessa movimentação proxêmica pode-se entender a dialética de poder entre esses dois indivíduos, aparentemente iguais em hierarquia.
No corpo há um vocabulário imenso, possível de ser usado para compreender o sujeito, sua vida, seus problemas e suas possibilidades. E exatamente por ser expressão espontânea, é sempre informação mais real do quanto o sujeito possa verbalizar.
Para maiores informações sobre a linguagem fisignômica-cinésico-proxêmica segundo a visão ontopsicológica, indicam-se os textos de Antonio Meneghetti A linguagem do corpo: fisignômica, cinésica, proxêmica em Manual de Melolística. 2.ed. Recanto Maestro: Ontopsicologica Ed., 2005. pp. 205-207, e As linguagens de análise do homem contido na obra Imagem e Inconsciente: manual para a interpretação dos sonhos e das imagens. 3.ed. Florianópolis: Ontopsicologica Ed., 2003. pp.22-27.